“-Ouça, doutor: se alguma coisa me preocupou sempre foi ser consequente, unir o que faço ao que sinto. Porque não faz o mesmo?- Como não faço o mesmo?- Oh, não faz...Se o fizessse,já me tinha beijado...”
“Não podeis ser obrigado, por Vossa força, seja ao que for, porque em Vós a vontade não é maior do que o poder. Porém, seria maior, se Vós fôsseis maior que Vós mesmo. Mas a vontade e o poder de Deus são o próprio Deus.Para Vós que tudo conheceis, existe acaso alguma coisa imprevista? Nenhhuma natureza existe, senão porque a conhecestes. Para que proferimos nós tantas palavras a fim de comprovar que a substância de Deus não é corruptível, já que, se o fosse não seria Deus?”
“O que custa mais não é tanto lembrar - é não esquecer. O que é que se faz com o que nos fica na cabeça, quando já não há nada para fazer”
“Nós não pedimos para ser eternos, mas apenas para não ver os atos e as coisas perderem subitamente o seu sentido. O vazio que nos rodeia faz-se então sentir...”
“(…) o Burkina ria – e que aquele documento não era falso, falso era tudo o que declararam, o que inventaram, como faz muita gente que declara o que quer e bem entende e depois consegue documentos como esse e todos são forçados a dizer que é mesmo verdade. Aqui já não existe documento falso… Existe é pessoas falsas”
“Às vezes me lembro dele. Sem rancor, sem saudade, sem tristeza. Sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou. Nunca mais o vi, depois que foi embora. Nunca nos escrevemos. Não havia mesmo o que dizer. Ou havia? Ah, como não sei responder as minhas próprias perguntas! É possível que, no fundo, sempre restem algumas coisas para serem ditas. É possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar, a investigar — e principalmente a fingir. Fingir que encontra. Acho que, se tornasse a vê-lo, custaria a reconhecê-lo.”