“De modo que não havia mesmo desculpa; não tinha absolutamente nada, exceto o pecado pelo qual a natureza humana o condenava à morte, o pecado de não sentir.”
“Não, agora nunca mais diria, de ninguém neste mundo, que eram isto ou aquilo. Sentia-se muito jovem; e, ao mesmo tempo, indizivelmente velha. Passava como uma navalha através de tudo; e ao mesmo tempo ficava de fora, olhando. Tinha a perpétua sensação, enquanto olhava os carros, de estar fora, longe e sozinha no meio do mar; sempre sentira que era muito, muito perigoso viver, por um só dia que fosse. Não que se julgasse inteligente, ou muito fora da comum. Nem podia saber como tinha atravessado a vida com os poucos dedos de conhecimento que lhe dera Fräulein Daniels. Não sabia nada; nem línguas, nem história; raramente lia um livro agora, exceto memórias, na cama; mas como a absorvia tudo aquilo, os carros passando; e não diria de Peter, não diria de si mesma: sou isto, sou aquilo.”
“Como uma nuvem que atravessa o sol, o silêncio caiu sobre Londres, e caiu sobre o espírito. Todo esforço é findo. Pende o tempo, do mastro. Rígido, somente o esqueleto do hábito sustenta a forma humana. E onde não há nada, disse Peter Walsh a si mesmo; o sentimento escava-se, ôco, completamente ôco. Clarissa recusou-me, pensou. E ali ficou parado, a pensar: Clarissa recusou-me.”
“Tinha a esquisita sensação de estar invisível; despercebida; desconhecida; de não ser mais casada, não ter mais filhos agora, apenas aquela espantosa e um tanto solene marcha com os demais, por Bond Street, ser esta Sra. Dalloway; nem mais Clarissa: Sra. Dalloway somente.”
“Deus vê nos corações e não precisa de que alguém absolva em seu nome, e se os pecados forem tão grandes que não devam passa sem castigo, este virá pelo caminho mais curto, querendo o mesmo Deus, ou serão julgados em lugar próprio,quando o fim dos tempos chegar, se, entretanto, as boas acções não compensarem por si mesmas as más”
“O problema de eu não confiar em ninguém não é a pessoa ganhar ou não a minha confiânça, eu não confio em ninguém porque não confio na natureza humana mesmo. Somos seres individualistas que em caso de último recurso, trairia e enganaria até mesmo a pessoa que mais credibilidade em você tem.O ser humano é traiçoeiro e eu não confio em ninguém.”
“-Ouça, doutor: se alguma coisa me preocupou sempre foi ser consequente, unir o que faço ao que sinto. Porque não faz o mesmo?- Como não faço o mesmo?- Oh, não faz...Se o fizessse,já me tinha beijado...”