“A aposta na ignorância mesmo sabendo que eu também não ficava contente com a ignorância? Mas a ignorância, dizia-me, possui enormes virtudes. A de levar a atuar como se nada acontecesse. O ignorante é, á sua maneira, invencível. Nada se consegue contra um ignorante.”
“Compreendo o senhor, disse Marco Antonio Guerra. Quero dizer, se não me engano, creio que o compreendo. O senhor é como eu e eu sou como o senhor. Não estamos à vontade. Vivemos num ambiente que nos asfixia. Fazemos como se não acontecesse nada, mas acontece sim. O que acontece? Nos asfixiamos, caralho. O senhor se desafoga como pode.”
“Nunca se sabe nada ao certo, Malin, antes de se saber. Até então prevalece a ignorância.”
“E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?”
“Isso não é amor. Eu já estive apaixonado, mas isso não é a mesma coisa. Não se trata de um sentimento meu, mas de uma força exterior que se apoderou de mim. Veja, eu fugi porque decidi que tal coisa não poderia acontecer, entende, como uma felicidade que não pode existir na terra; mas lutei contra mim mesmo e vejo que sem isso não existe vida.”
“No fim o que se faz se faz apesar de. Toda ignorância, própria e alheia.”