“Se a fé fosse racional, não seria - por definição - fé. Fé é acreditar naquilo que não se pode ver, provar ou tocar. Fé é caminhar de cara levantada e a toda a velocidade em direcção à escuridão”
“Não se pode confiar numa pessoa que nutr uma fé inabalável pelas aparências, e naquelas que se estão a borrifar, acabas por confiar demasiado.”
“«Ultimamente, o mundo não se tem sustentado pela fé», in Demência”
“A maioria das pessoas não tem qualquer interesse real em conhecer a verdade das coisas (mesmo que digam ou finjam o contrário), como se pode constatar facilmente a partir da forma como pensam e vivem as suas vidas. A atitude natural mais comum entre os seres humanos relativamente às questões fundamentais, ou bem que consiste em assumir inconscientemente tê-las resolvido a priori, ou então em acreditar comodamente que não têm solução, sem qualquer necessidade de uma justificação racional e objectiva para o efeito, como se a verdade fosse uma questão de gosto, opinião ou preferência pessoal, ou como se se tratasse de uma escolha subjectiva que cada um livremente pudesse fazer à medida dos seus desejos, interesses e necessidades, e não objecto de uma descoberta racional e objectiva que todos devem fazer, se quiserem realmente saber a verdade. É por isso que questões como a da existência de Deus ou do sentido da vida ficam assim sujeitas ao capricho arbitrário da subjectividade pessoal, das crenças e opiniões particulares, preferindo uns acreditar que sim e outros que não, uns numa coisa e outros noutra, muitas vezes pelas mesmíssimas razões, porque dá jeito e é preciso acreditar em alguma coisa que nos dê certezas e a segurança ilusória de que sabemos muito bem quem somos, donde vimos, para onde vamos e o que fazemos aqui. É claro que isto pode resolver o problema subjectivo de acreditar ou não naquilo que nos convém, mas não resolve o problema objectivo de saber qual é afinal a verdade das coisas.”
“A cidade, efectivamente, sorri apenas àqueles que se aproximam dela e que deambulam pelas suas ruas; a esses, ela fala numa linguagem tranquilizadora e familiar, mas a alma de Paris só se revela de longe e do alto, e é no silêncio do céu que se escuta o imenso grito patético de orgulho e de fé que ela eleva na direcção das nuvens.”
“começou por nos explicar que distinguia muito bem entre a igreja e a fé. achava que a igreja era uma máfia de interesses. o silva da europa interrompia-o e dizia, uns filhos da mãe, a igreja é uma instituição pançuda que se deixou confortavelmente sentada ao lado de salazar. como sempre, dizia anísio, sempre do lado dos opressores porque toda a lógica da igreja é opressora, não conhecem outra linguagem.”