“Anos de viagens com a minha mãe ensinaram-se que a comida é o passaporte universal. Quaisquer que sejam as barreiras de lingua, cultura ou geografia, a comida atravessa todas as fronteiras.”
“O excesso de animalidade deforma ohomem cultural; o excesso de cultura cria animais doentes. Estedilema mostra toda a insegurança que o erotismo traz ao homem. Nofundo, é algo muito poderoso que, como a natureza, pode serdominado e usado, como se fosse impotente. Mas o triunfo sobre anatureza se paga muito caro. A natureza dispensa quaisquer declaraçõesde princípios, contenta-se com tolerância e sábias medidas.”
“Toda a compreensão é imperfeita porque, quanto mais se expande, em maiores fronteiras confina com o incompreensível que a cerca.”
“O tempo faz com que deixe de haver diferenças entre a verdade e a mentira. Aquilo que aconteceu mistura-se com aquilo que eu quero que tenha acontecido e com aquilo que me contaram que aconteceu. A minha memória não é minha. A minha memória sou eu distorcido pelo tempo e misturado comigo próprio: com o meu medo, com a minha culpa, com o meu arrependimento.”
“(...) o peso da dor nada tem que ver com a qualidade da dor. A dor é o que se sente. Nada mais. Desisto definitivamente de me iludir com a minha força de adulto sobre o peso de uma amargura infantil. Exactamente porque toda a vida que tive sempre se me representa investida da importância que em cada momento teve. Como se eu jamais tivesse envelhecido. Exactamente porque só é fútil e ingénua a infância dos outros - quando se não é já criança.”
“Ah, o tempo é o mágico de todas as traições... E os próprios olhos, de cada um de nós, padecem viciação de origem, defeitos com que cresceram e a que se afizeram mais e mais.”