“As metáfora são a maneira de nos perdermos nas aparências ou de ficarmos imóveis no mar das aparências. Nesse sentido, uma metáfora é como um salva-vidas. E não se deve esquecer que há salva-vidas que boiam e salva-vidas que vão direto para o fundo. É bom nunca esquecer isso.”
Roberto Bolaño’s quote examines the dual nature of metaphors as tools for understanding or misinterpreting reality. The imagery he creates encourages deep reflection on how language shapes perception.
Bolaño begins by stating that “as metáfora são a maneira de nos perdermos nas aparências” (metaphors are the way we lose ourselves in appearances). This suggests that language and metaphor have the power to obscure the truth, leading us to focus on surface meanings rather than deeper realities. The reference to being immobile “no mar das aparências” (in the sea of appearances) indicates a sense of paralysis that can occur when we rely too heavily on metaphorical interpretations, causing us to overlook more profound insights.
The comparison of metaphors to “um salva-vidas” (a life jacket) introduces the idea that metaphors can provide safety and understanding in complex situations. However, Bolaño warns that not all metaphors are equally reliable; some “boiam” (float) while others “vão direto para o fundo” (sink). This dichotomy highlights the necessity of critical thinking when engaging with language. A metaphor that seems to offer clarity may sometimes lead us to deeper confusion, thereby illustrating the inherent risks of over-relying on linguistic expressions.
The closing admonition, “É bom nunca esquecer isso” (It is good to never forget this), serves as a reminder of the importance of being vigilant and discerning in our interpretations. In a world rich with meanings and interpretations, acknowledging the limitations and potential pitfalls of metaphors is crucial for genuine understanding.
Overall, Bolaño’s reflection on the nature of metaphors emphasizes both their utility and their dangers in navigating the complexities of human experience.
Roberto Bolaño's thoughts on metaphor highlight the dual nature of figurative language. While metaphors can provide clarity and insight, they can also obscure reality, leading us to misinterpret the world around us. Below are examples that illustrate these concepts in different contexts.
In literary analysis, one might use the metaphor of a "dark tunnel" to represent depression. This metaphor serves as a lifeline for readers who can relate to feeling stuck or lost. However, it also risks overshadowing the complexities of individual experiences, much like a life preserver that promises safety but may not lead to true resolution.
When discussing personal growth, one might say, "This challenge was my crucible." Here, the metaphor of a crucible suggests a transformative process. It can help individuals understand their struggles as a learning experience, yet it may also lead to an oversimplification of the emotional turmoil involved.
In social discussions, a metaphor like "the melting pot" often describes the blending of cultures in society. While it can encapsulate the beauty of diversity, it also risks ignoring the deeper issues of cultural assimilation and loss. Like a buoy that keeps floating, this metaphor might keep us from diving deeper into complex social dynamics.
In a business context, one might describe a failing project as "sinking ship." This metaphor can energize a team to take action and make changes, but it can also create panic and stress, leading to hasty decisions without considering the broader picture—just like a life preserver that ultimately fails.
These examples underline Bolaño's point about metaphors serving both as tools for understanding and potential traps that can lead us astray if not used thoughtfully.
“Se acredito num velhote que vive nas nuvens, com uma barba branca e que nos julga com um código moral numerado de um a dez? Deus do céu, não, Elly, não acredito! Já teria sido expulso desta vida há muitos anos devido à minha história atribulada. Se acredito num mistério; no inexplicável fenómeno que é a própria vida? Na entidade grandiosa que ilumina as incongruências das nossas vidas, que nos dá coisas pelas quais nos devemos esforçar e também a humildade para nos recompormos e recomeçarmos tudo de novo? Então sim, nisso acredito. É a fonte da arte, da beleza, do amor e professa a derradeira bondade para com os seres humanos. Para mim, isso é Deus. Para mim, isso é vida. É nisso que acredito.”
“- Escute mais isso. Por outro lado, forças jovens, frescas, sucumbem em vão por falta de apoio, e isso aos milhares, e isso em toda parte! Cem, mil boas ações e iniciativas que poderiam ser implementadas e reparadas com o dinheiro da velha, destinado a um mosteiro! Centenas, talvez milhares de existências encaminhadas; dezenas de famílias salvas da miséria, da desagregação, da morte, da depravação, das doenças venéreas - e tudo isso com o dinheiro dela. Mate-a e tome-lhe o dinheiro, para com sua ajuda dedicar-se depois a servir toda a humanidade e a uma causa comum: o que você acha, esse crime ínfimo não seria atenuado por milhares de boas ações? Por uma vida - milhares de vidas salvas do apodrecimento e da degeneração. Uma morte e cem vidas em troca - ora, isso é uma questão de aritimética.”
“Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.”
“A morte tem que estar tapada, pois só assim a podemos olhar, tapada com muita terra para a esquecermos e voltarmos a acreditar que ela não existe. É preciso esquecê-la, tapá-la com terra, pazadas de terra, ou então com a vida. Sim, a vida. A vida é que nos faz esquecer a morte.”
“E é, em suma, uma forma como outra qualquer de resolver o problema da existência, esta de nos aproximarmos das coisas e das pessoas que de longe nos pareceram belas e misteriosas o suficiente para verificarmos que não têm mistério nem beleza; é uma das higienes entre as quais podemos optar, uma higiene que talvez não seja muito recomendável, mas que nos dá uma certa calma para passarmos a vida, e também para nos resignarmos à morte - pois que permite que não lamentemos nada ao persuadir-nos de que atingimos o melhor, e de que o melhor não era grande coisa.”